Fonte: Terra Zero
Christopher Priest, o primeiro roteirista afro-americano a escrever em uma grande editora de quadrinhos nos anos 1980 (no caso, a Marvel) e um dos mais queridos profissionais da indústria, está de volta à DC após o Rebirth. Com um currículo que vai desde Falcão, Pantera Negra e Conan passando por heróis como Lanterna Verde, Gavião Negro, Ray e Aço, o escritor veterano tem participação até na criação de personagens como Quantum e Woody, da Valiant, na década de 1990. Nada mais justo do que colocar um profissional deste calibre em Deathstroke, título protagonizado por um personagem marcante na editora, mas que carecia de certo reposicionamento após a fase morna produzida por Tony S. Daniel em colaboração com James Bonny durante a fase Novos 52 / DC You.
Deathstroke Rebirth utiliza perfeitamente elementos clássicos do personagem para atrair uma audiência que talvez nunca tenha lido algo estrelado por Slade Wilson. Ao mesmo tempo em que arrasta o personagem de fato para o status de mau caráter ao invés de anti-herói, o roteiro em formato fragmentado de Priest nesta edição pontua várias características marcantes do protagonista, introduz antagonistas e múltiplos núcleos narrativos.
Slade Wilson aqui é um tremendo cretino (e é assim que deve ser). Priest em poucas páginas se aprofunda no impacto que o estilo de vida do Exterminador causa a pessoas próximas. Alternando frequentemente entre passagens mais verborrágicas e outras silenciosas e cinéticas, o roteirista mantém o leitor virando páginas enquanto costura uma trama de ação e espionagem internacional relativamente simples, mas funcional. Ao final, as histórias se interligam em um único gancho que prepara o público para a primeira edição da revista regular.
A arte de Carlo Pagulayan com finalização de Jason Paz se encaixa perfeitamente na proposta de Priest. O design do uniforme do Exterminador é prático, marcante e verossímil, mas sem destoar demais, nem perder a pegada única e emblemática característica do universo super-heróico da DC. A fotografia de Pagulayan é precisa, atlética, brutal na medida certa e empolgante. A caracterização de elenco não é um primor de originalidade, mas dentro do estilo mais clássico do ilustrador, é impecável. O destaque, além da cena inicial na floresta, são duas páginas com o Rei Relógio, na qual os closes do ilustrador e os cenários surreais quebram o realismo da edição inteira e tem um impacto visual muito grande.
Em Deathstroke Rebirth vemos nitidamente o grau de entendimento de um autor em relação ao personagem que foi designado para trabalhar. Christopher Priest entende quem é Slade Wilson e usa esse conhecimento e toda sua experiência como narrador de histórias em quadrinhos a seu favor, mostrando não só a parte da ação exagerada e violência sem motivo frequentemente associada a esta franquia, mas revelando um lado ainda mais feio deste protagonista. Aqui temos um autor veterano enxergando oportunidades narrativas viáveis e divertidas em um personagem que tem potencial para boas histórias. Com uma equipe de arte sintonizada com as necessidades da revista, o Exterminador finalmente está em ótimas mãos e, nesta toada, seu título mensal promete ser um dos mais interessantes nesta iniciativa Rebirth.
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