Crise de Identidade? O problema dos quadrinhos da Batgirl
Fonte: Cromossomo Nerd
A saída de Hope Larson de Batgirl na edição #23 trouxe alguns questionamentos para todos que estavam acostumados com a “Batgirl de Burnside” que se via nos quadrinhos da DC há três anos: quanto tempo ela ainda vai durar?
A resposta é: Não muito. No final de agosto de 2018, Mairghread Scott (a primeira escritora de quadrinhos dos Transformers) ao lado de Paul Pelletier (Aquaman) e Elena Casagrande (Doctor Who) promete um retorno às raízes gothamitas – leia-se “SOMBRAS, ESCURIDÃO, MORTE, DOR”
– da personagem, resgatando um de seus vilões dos Novos 52 (numa pegada
mais gore) e trazendo um novo visual para a personagem, dessa vez
inspirado nos primórdios da carreira da heroína.
Ou melhor, mais um.
Nos últimos vinte anos, a personagem
tem passado por algumas identidades, visuais e abordagens, cada uma mais
diferente do que a outra, o que nos faz questionar: quem é a Batgirl?
Para alguns, Cassandra Cain, a
primeira a usar o manto em um título solo da heroína, tem um lugar muito
especial nessa galeria, principalmente pelo aspecto pioneiro. O fato da
personagem ter assumido essa roupagem há relativamente pouco tempo
ajuda, uma vez que muitos leitores cresceram com essa personagem
figurando a Bat-família como a Batgirl, enquanto Bárbara Gordon era a
Oráculo.
Stephanie Brown, a Salteadora (ou
Spoiler), vez ou outra é lembrada pelos fãs em sua passagem pelo manto.
Mas seu próprio manto é mais forte na própria carreira do que os outros
que tentou adotar. Além disso, a curta duração de sua passagem não
ajudou sua imagem no cânone da heroína.
Bárbara Gordon carrega o fardo de ser
a original na cronologia (já que Bette Kane foi sumariamente ignorada),
mas em histórias (infelizmente) esquecidas pelo tempo entre reboots e rebirths.
Seu legado mais recente, como a Oráculo, é mais vívido na mente dos
leitores e ocupa mais espaço na cronologia moderna do que o contrário.
A personagem, embora carregue uma
ligação extremamente forte com o manto, é mais visualizada como um gênio
da informática presa em uma cadeira de rodas após um terrível atentado.
O fato desse atentado estar presente em um dos quadrinhos mais famosos
do Batman não ajuda a Batgirl original a se desvincular dessa imagem.
Mesmo após o seu retorno, nos Novos 52, a personagem passou por reformulações. Seu
visual mais sombrio que encabeçou a maior parte da fase deu lugar ao
roxo alegre que a personagem adotou nas passagens mais recentes, conquistando os leitores e as leitoras mais jovens, em um estilo que se ligava mais com a geração atual.
Talvez não fosse o ideal, mas a
identidade da personagem existia com força no imaginário dos leitores. O
couro preto genérico que toda a Bat-família adotava não ajudava a
personagem a se destacar, faltava individualidade. Problema que só o
visual de Babs Tarr e a ousadia de Brenden Fletcher resolveram.
Contudo, quem é a Batgirl de verdade? Com tantas adaptações de tantas versões, a essência da heroína parece se misturar em um grande caldeirão de épocas.
O prometido retorno ao estilo Milleriano pode até fazer bem à personagem, que carece de ser levada mais a sério,
mas deixará como órfãos os leitores que vinham se identificando com a
personagem de nicho extremamente grata que a Batgirl de Hope Larson se
mostrava, continuando o trabalho iniciado por Fletcher, Stewart e Tarr.
Se isso espantará ou não a parcela fiel de leitores da heroína, não sabemos, mas uma reformulação era a última coisa que a identidade visual da personagem precisava. Especialmente quando ela vinha sendo tão constante nas vendas, com média superior a 18 mil cópias por mês.
Resta aguardar para ver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário