Prólogo.
Pequenópolis, 1987.
Clark Kent, um adolescente de apenas 12
anos de idade, se vê correndo no campo, mais rápido que qualquer maratonista,
chegando à beira de um penhasco ele salta e começa a voar, do alto consegue ver
o Talon, restaurante onde trabalha ajudando seus pais, continuando seu voo vê
toda a cidade de Pequenópolis. Clark é acordado pelo grito de sua mãe:
- Jonathan venha aqui depressa!!!
Clark se vê flutuando sobre a cama, com o
susto ele cai e quebra o estrado da cama com seu peso. Jonathan, vendo a
primeira manifestação de poder de seu filho olha para sua esposa e diz:
- Martha, acho que chegou a hora de
contarmos a eles.
Eram 6h de uma manhã de domingo. Jonathan
era dono do Talon, um estabelecimento comercial localizado no centro de
Pequenópolis e que funcionava como restaurante e lanchonete. Ele precisava
buscar os jornais na distribuidora de revistas da cidade, pois também possuía
uma pequena banca de jornais e revistas, da qual Clark tomava conta. Eram 6h da
manhã e o Talon abria às 7h, Jonathan entra na caminhonete juntamente com seus
dois filhos: Clark e Conner. Martha fica em casa tomando conta da pequena Kara,
de apenas 2 anos de idade. No caminho até a distribuidora de revistas eles
conversam:
- Chegamos a Pequenópolis em janeiro de
1976 em três espaçonaves, eu, sua mãe e você Clark, ainda um bebê de dez meses
de idade, trouxemos junto conosco uma chuva de meteoros, nós chamamos estes
meteoritos de Kryptonita porque são pequenos fragmentos do núcleo de nosso extinto
planeta natal: Krypton. Eles são mortais para você e seus irmãos. Destruímos as
naves para não corrermos o risco de ser descobertos pelo governo.
- Quer dizer que somos alienígenas?
- Sim Clark. Meu nome verdadeiro é Jor-El,
o de sua mãe é Lara e o seu é Kal-El.
- Eu também tenho um nome kryptoniano?
- Não Conner. Como você nasceu na Terra,
não tivemos que criar uma identidade falsa para você nem para sua irmã.
Coçando a cabeça Clark pergunta:
- Você e a mãe também têm poderes como eu?
Vocês também ficam fracos diante destes meteoritos?
- Não, eu e sua mãe não desenvolvemos
nenhum tipo de poder e também não somos afetados pela ktyptonita porque fomos
expostos à radiação por Kryptonita dourada e tivemos nossos DNAs alterados, não
sabíamos até agora se isto afetaria vocês, felizmente isto não ocorreu. Isto aconteceu
quando lutamos contra a tirania de Zod.
- Quem foi Zod?
- Foi um diabólico general que usou de
mentiras e do caos para tomar o poder e ascender à liderança em uma era de
crueldade, repressão e terror. Nós o depusemos e o prendemos na Zona Fantasma
juntamente com seus comparsas: Non e Ursa.
Os meninos ficaram pensativos a manhã toda.
Como era domingo, o Talon fechou às 14h. Para instruí-los sobre suas origens e
seu legado, Jor-El, reunido com sua família na sala que ficava no piso superior
do edifício onde funcionava o Talon, mostrou uma maleta com noventa cristais,
todos individualmente separados em pequenos orifícios aveludados. Aqui nestes
cristais estão muitos séculos de conhecimento acumulado com um único propósito:
preservação. Vou lhes mostrar. Conner pergunta:
- Onde estava esta
caixa de vidro?
- Este equipamento
se chama Kel-Ex, vocês não poderão mostrá-lo a ninguém, nem contem que ele
existe.
Jor-El insere um
cristal no painel de um estranho artefato semelhante a uma caixa do tamanho de
um notebook e uma imagem se forma na parede branca da sala. Ela mostra Jor-El
jovem vestindo uma roupa branca com um símbolo no peito semelhante a um “S” trabalhando
em seu laboratório isolado.
- Eu era um
cientista, neste dia estava montando meu equipamento no prédio de pesquisa
amplo e aberto em minha propriedade. O sol vermelho de Krypton havia sido
batizado de Rao por sacerdotes de lá.
Embora fosse jovem,
Jor-El tinha um cabelo espesso e característico, tão branco como marfim, e olhos
castanhos que lhe davam um ar suntuoso. Isolado em suas salas abafadas na
capital, o Conselho Kryptoniano de onze membros havia proibido o
desenvolvimento de qualquer tipo de aeronave, eliminando efetivamente qualquer
possibilidade de exploração do universo. A partir de registros antigos, os
kryptonianos estavam muito conscientes da existência de outras civilizações nas
28 galáxias conhecidas, mas o governo repressor insistia em manter seu planeta
afastado “para a sua própria proteção”. Essa regra tinha sido estabelecida
havia tantas gerações que a maioria das pessoas a aceitava, como era de se
esperar.
Apesar disso, o
mistério por trás da existência de outras estrelas e planetas sempre instigou
Jor-El. Por não ser capaz de desobedecer às leis, não importa o quanto as
restrições pudessem parecer frívolas, ele foi buscar caminhos que as
contornassem. Porém, as regras não podiam impedir que ele viajasse em sua
imaginação.
Sim, o Conselho não
havia permitido a construção de espaçonaves, mas, de acordo com os cálculos de
Jor-El, poderia haver um número infinito de universos paralelos, incontáveis
versões alternativas de Kryptons nas quais cada sociedade poderia ser levemente
diferente. Jor-El poderia, portanto, viajar de uma nova maneira – apenas se
pudesse abrir a porta para esses universos. Nenhuma espaçonave era necessária.
Tecnicamente, ele não estaria desrespeitando nenhuma lei.
No centro do
espaçoso laboratório, ele colocou um par de anéis de prata com dois metros de
diâmetro para rodar e criar um campo de contenção para a singularidade que
esperava criar. Em seguida, monitorou os níveis de força. E esperou.
Quando a energia
solar intensificada atingiu seu pico, um feixe de luz controlada penetrou
através das lentes do teto e foi parar no meio do laboratório de Jor-El como se
fosse uma seta de fogo. Os raios multiplicados se reuniram em um único ponto de
convergência e depois ricochetearam na própria textura do espaço. A rajada
concentrada golpeou a própria realidade e abriu um buraco para algum outro
lugar... ou para lugar nenhum.
Os anéis prateados
de contenção se cruzaram, giraram ainda mais rápido e mantiveram aberta uma
minúscula fenda que se expandiu em um equilíbrio de energia positiva e
negativa. Enquanto aquela luz ofuscante fluía para dentro daquele pequeno ponto
vazio, a fenda cresceu até ficar tão larga quanto a mão do cientista, depois
atingiu o tamanho do seu antebraço, até que finalmente se estabilizou, com dois
metros de diâmetro, estendendo-se até a borda dos anéis.
Um portal circular
pairou no ar, perpendicular ao chão... algo que uma pessoa curiosa poderia
simplesmente adentrar caminhando. Atrás daquela abertura, Jor-El sabia que
poderia encontrar novos mundos para explorar, infinitas possibilidades.
Em um pedestal à
frente do portal flutuante, o dispositivo cristalino de controle emitia um
brilho quente e intenso. Para estabilizar o sistema volátil, ele retirou os
cristais de força auxiliares e depois inclinou as parábolas de mercúrio para
desviar o feixe principal de luz solar. A força se dissipou, mas a
singularidade se manteve. O portal dimensional permaneceu aberto.
Quando o estranho
portal não oscilou, ele freou cuidadosamente a rotação dos anéis de prata, para
que ficassem pairando verticalmente, imóveis, no ar. Embora o entusiasmo o
tentasse a pegar atalhos, sua mente analítica sabia das coisas. Ele começou a
fazer testes.
Primeiro, como se
fosse uma criança jogando pedras em um lago tranquilo, pegou uma caneta que estava
na mesa de trabalho e a jogou cuidadosamente dentro da abertura. Assim que o
fino instrumento tocou na barreira invisível e nela penetrou, sumiu
completamente e apareceu do outro lado, no outro universo. Só deu para Jor-El
avistar um reflexo embaçado do mesmo, flutuando além do seu alcance. Mas ele
não conseguia ver detalhes do estranho lugar que havia descoberto. E não via a
hora de descobrir o que havia por lá.
Maravilhado, Jor-El
se aproximou do portal vazio. Ele não via nada – absolutamente nada -, um vácuo
insondável no ar. Desejou ter alguém do seu lado. Aquele grande momento devia
ser compartilhado.
Ele gritou dentro
da abertura.
- Alguém pode me
ouvir? Tem alguém aí?
O portal continuou
em silêncio, um vácuo que drenava toda luz e som.
Para o próximo
teste, Jor-El prendeu uma lente teleobjetiva de cristal a um telescópio que
retirou de um equipamento ocioso numa das paredes do prédio de pesquisa.
Cuidadosamente ele estenderia a haste com a lente através da barreira,
permitiria que ela fotografasse o ambiente do outro lado e depois retiraria a
ferramenta. Examinaria as imagens e determinaria qual seria o próximo passo. E
testaria o ar, a temperatura e o ambiente daquele outro universo.
Mais cedo ou mais
tarde, contudo, sabia que estava destinado a explorá-lo.
Prendendo a
respiração, Jor-El estendeu a haste e empurrou a teleobjetiva de cristal para
dentro do vazio com todo o cuidado e delicadeza.
De repente, como se
uma grande ventania o tivesse engolido inteiro, ele se viu puxado para o outro
lado, sugado para dentro da abertura com a vara e a lente. Em menos de um
segundo, o cientista não estava em lugar algum, suspenso num vácuo negro e
vazio – à deriva, porém mais do que isso, já que não conseguia sentir o corpo.
Não sentia gravidade, temperatura nem conseguia ver luz alguma. Não parecia
estar respirando, e nem precisava. Era apenas uma entidade flutuante,
totalmente a par e ao mesmo tempo completamente desprendido da realidade. Como
se estivesse olhando através de uma janela suja, ele avistou seu próprio
universo. Mas não conseguia voltar.
Gotham City, outubro de 1999.
O Chapeleiro Maluco, um psicopata
obcecado por chapéus que usa roupas semelhantes ao do personagem de Alice no
País das Maravilhas sequestra um homem usando terno e gravata.
Ele segura um revólver calibre 38
com a mão direita apontando para a cabeça do homem que se encontra amordaçado e
amarrado a uma cadeira, segurando um relógio de bolso na mão esquerda através
de uma corrente de metal fina, o vilão mostra o horário para uma câmera de TV
que transmitia a cena para todos os telespectadores do país: dez horas da
noite.
- Batman, entregue seu capuz ao
vivo, pela TV, até a meia-noite ou o tamanho do chapéu do bilionário Bruce Wayne irá diminuir alguns
números! O que decide, parceiro?
*****T*****
Na Bat-caverna, Alfred conversa com Dick
Grayson através de um terminal de vídeo conferência.
- O Chapeleiro Maluco raptou Bruce?
- Ele colocou sonífero no carpaccio
do Sr. Wayne no almoço beneficente do orfanato. Precisa voltar imediatamente,
patrão Asa Noturna.
- Acabei de recapturar o Crocodilo
na Louisiana após sua fuga da prisão. Mesmo se pegasse um avião agora, não
chegaria a Gotham antes da meia-noite. Onde estão Robin e Batgirl?
- Temo ser esse nosso segundo
problema. O patrão Tim saiu com o uniforme, mas perdi a comunicação com ele.
Batgirl e eu estamos muito preocupados.
- O Chapeleiro?
- A julgar pela nossa sorte esta
noite, diria que essa é uma suposição bastante segura.
*****T*****
Vários cidadãos de Gotham: adultos,
idosos, adolescentes assistem a mais uma transmissão do Chapeleiro Maluco em televisores
instalados em bares, lanchonetes, lojas de eletrodomésticos e em suas residências.
- Veja Batman, sou o primeiro a
admitir que haja certo sadismo em minhas ações desta noite... Esse
desmascaramento deveria ser um evento de classe, longe do olhar do público, mas
preferi produzir um espetáculo de TV com a maior audiência do século... Em que
completarei minha coleção de chapéus únicos e Gotham descobrirá sua identidade
secreta. E não espere ser salvo por nenhum de seus bat-ajudantes. Robin tentou
e falhou! É o que acontece quando se manda um menino fazer o trabalho de um
homem-morcego. Tic-tac, tic-tac. O tempo de Bruce Wayne está terminando,
cruzado de capa. Sua identidade secreta é mais importante do que a vida do
maior humanitário de Gotham? Não creio.
No topo do edifício do Departamento
de Polícia de Gotham City, o bat-sinal é acionado e dois policiais usando,
sobretudo e chapéu, observam o símbolo do Batman projetado nos céus.
- Nem sinal dele, comissário. Vai
ver que Batman está assistindo à TV a cabo e não viu a confusão toda. Ou talvez
sua identidade secreta seja mais importante pra ele do que um playboy
milionário que nem conhece.
-
Claro que não, sargento Bullock. Seus métodos podem ser pouco ortodoxos às
vezes, mas Batman valoriza a vida humana mais do que tudo. Escute o que digo.
Ele virá.
De
repente, ambos são surpreendidos por uma voz vinda do lado oposto de onde se
encontravam.
-
Tenho certeza de que ele apreciaria o voto de confiança, comissário.
-
Batman...?
-
Batman está fora da cidade, senhor. Mas eu vi a transmissão do Chapeleiro. Importa-se
se eu ajudar?
O
comissário cumprimenta com um aperto de mãos o herói usando um uniforme azul e
vermelho.
-
Claro que não! É um prazer conhecê-lo Super-Homem. Acompanho sua carreira desde
que surgiu. Batman o tem na mais alta conta.
Com
um palito de dentes na boca, o sargento Bullock diz:
-
O tempo está correndo, comissário.
-
Na verdade, imaginei se saberiam por que o Chapeleiro não disse onde está se
quer tanto que Batman o ache.
-
Porque acha que Batman é o único capaz de encontrá-lo... Mesmo sem pistas.
Esperto, não?
-
Está lidando com um tipo diferente de criminoso, Super-Homem. Gotham City não é
Metrópolis. O povo daqui é assustado demais pra olhar pro céu... E pode
acreditar que...
O
comissário se vira e não encontra ninguém.
-
Hã, comissário... Ele já foi.
-
HMPF! Por que eles sempre fazem isso?
Continua...