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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Super-Homem#4 – (Quase) Os Melhores do Mundo – Final.


Agradecimentos a Morlun, o Milenar.

 

Prólogo.

 

Após a morte de Jason Todd, Batman se tornou ainda mais amargurado, o que atraiu os olhares de um admirador, o jovem Tim Drake. O menino, um detetive de nascença, acabou descobrindo a verdadeira identidade de Batman. Quando era criança, acompanhou o espetáculo de circo onde os pais de Dick Grayson foram assassinados, onde também presenciou Bruce Wayne acolhendo o órfão. Depois, ao ver o Robin (Dick) em ação, acabou reconhecendo os traços e habilidades do acrobata órfão, e assim, juntou um mais um e descobriu que Bruce era o Batman.

Tim Drake passou a infância e o início da adolescência acompanhando os fatos que ocorreram na dupla dinâmica; percebeu quando Dick foi embora e o aparecimento de Asa Noturna e logo depois o desaparecimento de um novo Robin (Todd). Ao ver Batman se deteriorando, Drake saiu em busca de Grayson, para que este voltasse a ser Robin e salvasse o Homem-Morcego do declínio. Batman, que estava sob ataque do vilão Duas Caras, acabou ganhando a ajuda de Asa Noturna, mas os dois terminam aprisionados. Tim Drake, com auxílio de Alfred, veste o uniforme de Jason e consegue salvar os dois. Tim e Dick insistem para que Batman aceite um novo Robin e, apesar de não concordar no início, o herói cede e Drake se transforma no novo garoto-prodígio.

Antes de colocar o menino em ação nas ruas, Batman o mandou para vários lugares do mundo, para procurar se especializar e melhorar sua defesa. Enfim, Tim Drake conseguiu superar os desafios e ganhou o direito de seguir ao lado do Cavaleiro das Trevas. Antes, porém, teve que passar por um batismo de fogo: seus pais são sequestrados, Batman e Robin vão ao resgate, mas os Drakes acabam envenenados. Batman consegue apenas salvar a vida do pai de Tim, a mãe morreu por causa do veneno.

 

Zona Fantasma.   

 

Suspenso num vácuo negro e vazio, um homem começa a recordar seu passado em Krypton quando era conhecido como o comissário Dru-Zod. Anualmente as camadas da sociedade kyptoniana compareciam ao grande estádio de Kandor para as espetaculares corridas hrakka. Os onze membros do Conselho Kryptoniano se sentavam nas fileiras centrais e tinham a melhor visão.

O camarote reservado para Zod estava localizado em uma fila mais empoeirada, dois níveis acima dos luxuosos camarotes privados dos membros do Conselho, onde a vista não era tão boa, mas o comissário não dava a mínima para o espetáculo. Como ele supervisionava a Comissão para Aceitação da Tecnologia, o Conselho de onze membros considerava que sua posição era subordinada à deles.

Para o evento daquele dia, ele estava acompanhado de Vor-On, o filho caçula de uma família nobre sem quaisquer perspectivas. No meio de toda aquela entediante confusão, Zod avistou algo interessante no vistoso camarote da nobre família de Ka, uma linda jovem de cabelo escuro que tinha um corte rente e despenteado. Ela não usava joia alguma. Seus olhos eram como poços escuros, suas feições eram encantadoras.

- Vor-On, quem é aquela criatura intrigante logo ali?

O ávido e nobre jovem acompanhou o olhar de Zod e fechou a cara, com ar de repugnância.

- Você não pode estar interessado nela, comissário!

- Por que eu tenho que me explicar? Fiz uma pergunta muito simples.

- Sim, comissário. É claro, comissário. Ela é a terceira filha da casa de Ka, algo como uma pária, algo constrangedor. Quando os pais tentaram renegá-la, ela fez uma retaliação apagando o seu nome de família. Ela insiste em ser chamada simplesmente de Ursa.

Os portões que ficavam no nível do chão se abriram e as feras emergiram das sombras dos currais obscuros. Parelhas de hrakkas – robustos lagartos de pernas curtas, com cristas irregulares na cabeça – vieram rastejando, cada três deles acorrentados a um veículo flutuante. Com a barba cerrada e ombros largos, Non-Ek surgiu imponente conduzindo o veículo, segurando as rédeas com uma das mãos fortes.

Zod escondeu um sorriso presunçoso enquanto a plateia começava a murmurar algo relativo às feras exóticas que estavam presas à carruagem de Non-Ek. O mudo havia subjugado lagartos de pele negra do continente selvagem no sul de Krypton. Por trás de portas fechadas, antes do início das provas, dois oficiais que cuidavam das corridas também haviam questionado a legalidade do uso de novas espécies, mas Zod, pediu para que os oficiais olhassem a carta com as regras. Nos registros velhos e empoeirados, ninguém havia definido exatamente o que era um “hrakka”. Na ausência de qualquer regra estabelecida que dissesse o contrário, os preconceituosos funcionários consentiram em deixar a equipe de Non-Ek competir nas corridas.

Quando todas as bigas estavam posicionadas na linha de partida, o calvo e idoso líder do Conselho, Jul-Us, subiu até o pódio principal.

- Que comecem as corridas! – Logo o velho partiu um fragmento escarlate ao meio, liberando um clarão intenso.

Os hrakkas dispararam, puxando seus arreios, irrompendo pela pista apertada.

Uma voz fraca, tingida de um medo de quem mal podia se controlar, interrompeu a concentração de Zod.

- Comissário, preciso falar com você!

Fazendo um esforço para se acalmar, Zod virou-se calmamente para trás. Logo atrás dele, usando uma capa vermelha brilhante e uma camisa com mangas bufantes, estava Bur-Al, o quarto na cadeia de comando na Comissão para Aceitação da Tecnologia.

- Por que você está interrompendo minha apreciação da corrida? Meu favorito, Non-Ek, está na frente.

- Comissário, seria melhor discutirmos essa questão em particular.

- Então por que você veio para um lugar onde há milhares de pessoas reunidas?

- Descobri seu segredo. Sei o que fez com todos os itens tecnológicos que considerou perigosos, as coisas que censurou.

- Por favor, guarde seus delírios para uma ocasião mais apropriada. Finalmente o comissário suspirou. – Muito bem, me encontre lá embaixo nos estábulos privados depois que a corrida acabar, onde não perturbaremos o resto do público. Non-Ek guarda seus hrakkas por lá, e você sabe que ele não consegue falar palavra alguma. Agora me deixe em paz.

Enquanto todos os olhares estavam focados no clímax das corridas, ninguém notou Zod escapulindo discretamente. Ele tinha que descer até os estábulos e começar seus preparativos antes da chegada de Bur-Al.

Depois daquela corrida bastante disputada, Zod encontrou seu condutor nas reconfortantes sombras, e ficou em pé ao seu lado enquanto o mudo vitorioso puxava os três hrakkas negros para dentro dos cercados e prendia grossas correntes a ganchos na parede. Os lagartos estavam famintos por conta da energia gasta na corrida. Depois de dizer para o musculoso camarada o que precisava, Non-Ek acenou bruscamente com a cabeça.

Ele levantou os olhos e avistou uma figura esguia no vão da porta. Bur-Al viera exatamente do jeito que Zod o havia instruído a fazer. O comissário se inclinou contra a parede de blocos de pedra perto do cercado, olhando para o seu assistente.

- Eu estava alimentando a esperança de que, passado esse tempo, você fosse cair em si, Bur-Al. Você fez algumas acusações preocupantes.

- Não são apenas acusações. Tenho provas, e você sabe do que estou falando. Nem tente me subornar!

- Quem falou de suborno? Jamais sonharia com isso. – Você não vale o investimento.

- Fui um grande admirador do seu pai, Cor-Zod, e fico envergonhado de ver que não seguiu os passos dele. Você coloca ambições pessoais acima da perfeição de Krypton.

- Eu achava que Krypton já era perfeito. E não traga meu pai para a discussão. Ele foi chefe do Conselho Kryptoniano e um político lendário.

- Nisso, pelo menos, nós concordamos. Mas você transgrediu a lei! Todas as invenções perigosas submetidas à Comissão devem ser destruídas. Mas esse não é o caso, certo?

- Se você é tão convencido, se insiste em dizer que não posso suborná-lo, por que diabos viria tratar do assunto aqui? Por que me confrontar? Isso me parece algo insensato e ingênuo da sua parte.

- Queria olhar na sua cara ao fazer minhas acusações. Queria ver os seus olhos... e você me mostrou que estou realmente com a razão.

- Por que precisava disso, se tem provas incontestáveis?

- Desculpe por não ser tão bem versado em fraudulências e maquinações quanto você, comissário.

- Você não me deu nada com que trabalhar e, o que é mais sério, fez com que eu perdesse o meu tempo. Esses poucos minutos de disparates são minutos que jamais terei de volta. A única coisa que pode compensar tudo isso é tornar o evento mais divertido.

Non-Ek segurou as correntes com as mãos desprotegidas, as torceu, e arrancou o gancho da parede. O hrakka negro se levantou, agitado, rosnando. O condutor arrebentou a segunda corrente, e depois a terceira. Os hrakkas pularam do cercado antes mesmo que Bur-Al percebesse o que estava acontecendo. Os lagartos negros caíram em cima daquele homem desafortunado, abocanhando-o e rasgando sua carne. As bestas estriparam o jovem administrador fazendo com que o sangue borrifasse no ar. Uma fanfarra musical ressoava do lado de fora do estádio enquanto o público ia embora, abafando os gritos. Os últimos espectadores que estavam de partida riam e gritavam.

Pelo fato dos assassinatos serem extremamente raros em Krypton, ninguém suspeitaria que havia ocorrido algo sinistro. Os animais mortíferos haviam simplesmente se soltado. Um acidente.

 

Gotham City, outubro de 1999.

 

Desconsolado, o Chapeleiro Maluco se dirige à câmera que transmite para todo o país.

- Eu só queria roubar o precioso capuz do Batman, mas ele me transformou em um dos maiores assassinos em massa da história.

Batgirl segura seu batarangue enquanto todos os policiais presentes no recinto apontam suas armas para ela. O Chapeleiro fica nervoso e se dirige ao comissário de polícia.

- Bem, o que está esperando, Gordon? O Natal? Mande seus homens atirarem!

Suando frio por estar resistindo ao controle mental, o comissário responde:

- N-não posso...

- Ah, deixe pra lá. Abram fogo contra a babaca quando eu contar até três, meninos e meninas. 1... 2...

Bruce olha nos olhos da heroína e diz:

- Acerte o chapéu, Batgirl...

- ...3!

Batgirl derruba o chapéu do Chapeleiro com seu batarangue libertando a todos do controle mental. O sargento Bullock coça a cabeça.

- Ei! Que diabo está havendo aqui?

Batgirl fica preocupada ao ver seu tio suando frio.

- Comissário, o senhor está bem?

Gordon aponta para uma das janelas da sala.

– Não se preocupe comigo! Vá atrás dele!

O Chapeleiro desceu por uma corda.

- Não vou voltar pro Arkham!

O vilão levanta uma tampa de bueiro e desce para o sistema de esgotos de Gotham.

- Naquele lugar só tem malucos!

Batgirl desce pela mesma corda e pula no bueiro atrás dele.

- Ah, não vai fugir, não! Ninguém escapa de mim assim tão fácil!

Mas ao cair no esgoto, com aquela água fétida batendo em seus joelhos, ela percebe que não seria tão fácil encontrá-lo no subterrâneo, usando uma pequena lanterna, retirada de seu cinto de utilidades, a jovem observa uma infinidade de galerias e canos sujos de esgoto com ratos caminhando enfileirados.

- Talvez eu deva retirar o que disse...

O homem de aço entra no bueiro atrás dela segurando o capuz do Batman e flutua diante dela sem encostar suas botas vermelhas naquelas águas.

- Teve sorte?

Injuriada, Batgirl balança a cabeça negativamente.

- Só má sorte, Super-Homem. As tubulações de esgoto são feitas de chumbo, o que anula sua visão de raios X... E, mesmo com sua supervelocidade, levaria horas pra procurar por tantos quilômetros de túneis.

- Ainda bem que fiz uma visita à Bat-caverna antes de vir pra cá e peguei umas roupas emprestadas.

– Ah, rapaz esperto... Especialmente quando nosso alvo está com a cabeça despida pela primeira vez na vida.

- O capuz do Batman, Chapeleiro. Você tentou de tudo pra colocá-lo em sua coleção e aqui está ele, sendo entregue a você de bandeja. De mão beijada. Nem posso imaginar o que está passando agora. Não há nada mais feio do que uma cabeça sem chapéu... Você ficaria muito bem com ele... Com certeza.

Ouvindo isso, o Chapeleiro, não conseguindo mais resistir, sai do túnel onde estava escondido e toma o capuz das mãos do homem de aço.

- Oh, obrigado, Super-Homem. Obrigado, obrigado, obrigado.

Com um sorriso de satisfação no rosto, Batgirl diz:

- Louco mesmo.

- Sem a menor dúvida... Mas não é preciso quebrar as costelas de alguém pra resolver um caso, Batgirl.

- Uma ideia interessante.

 

*****S*****


Após a prisão do Chapeleiro, no topo de um dos arranha-céu de Gotham, o homem de aço se despede de Batgirl, Robin e Batman. O homem morcego diz:

- Obrigado. Sua ajuda é sempre bem-vinda.

O homem de aço levanta voo e acena aos três como forma de despedida.

- “Obrigado”? Ele salvou nossas vidas, sua identidade secreta, milhares de civis e prendeu o Chapeleiro pra nós!

- Por isso eu agradeci. O que quer dizer Robin?

Batgirl diz:

- Pessoalmente, sinto que Batman não aprova que Super-Homem use seus métodos extravagantes e grandiosos em Gotham.

- Ao contrário, Bargirl... Os métodos do Super-Homem são muito eficientes à sua maneira... E é inegável que Gotham parece um pouco mais brilhante graças à sua presença. Acho que faz bem a todos nós olhar pro céu...

 
Fim.

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