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terça-feira, 29 de março de 2016

SUPERMAN REBIRITH #1

O especial Superman: Rebirth, que sai na primeira quinzena de junho nos EUA, diz que "o mundo precisa de um Homem de Aço, mas conseguirá Superman proteger o mundo enquanto cria um superfilho com sua mulher, Lois Lane?".
[#Review] Superman: Rebirth #1, de Tomasi, Gleason, Mahnke e Mendoza

Fonte: Terra Zero


Superman: Rebirth #1 é um one-shot escrito por Peter J. Tomasi e Patrick Gleason, com desenhos de Doug Mahnke e arte final de Jaime Mendoza. Esta é, antes de tudo, uma história com ares de homenagem póstuma. Quão ironicamente apropriado é, sob vários aspectos, começar uma nova fase editorial batizada de Rebirth (Renascimento) do que com uma história que se despede do que ficou para trás.
Ame-o ou o odeie, os Novos 52 acabaram. Eles cumpriram sua função? Por um tempo, talvez… O reboot mirava um público mais jovem. Um público que não tinha hábito de ler HQs. Buscava, desesperadamente, se conectar com novos tempos. Novas formas de contar histórias para novos leitores.
E, no centro de tudo, estava aquela figura de azul e capa vermelha. O último filho de Krypton.

Funeral para um amigo

O Superman se tornou o símbolo dos Novos 52. O símbolo das mudanças que a DC tentou abraçar em toda sua linha editorial. Só que, no caso dele, essas mudanças foram mais sentidas. Parte do próprio público do personagem simplesmente rejeitou a ideia do personagem como ele estava sendo retratado. Para muitos ele era um símbolo, sim, mas um símbolo de tudo que estava ERRADO na nova abordagem editorial. Ele começou a ser chamado, pelo próprios leitores, de “fraude”, “impostor” e diversos outros nomes. Chamado assim com tanta insistência que, em dado momento, a própria DC abraçou essa alcunha. Em Convergência, ela trouxe de volta o Superman pré-Ponto de Ignição, e começou a tratar o Superman Novos 52 como “só mais um”.
Agora, os Novos 52 chegaram ao fim. E apesar da morte de Pandora ter representado o fim simbólico da iniciativa, o que realmente enterrou-a foi a morte do Superman, que representava tudo aquilo que a fase tentou ser. E, enquanto o Superman pré-Ponto de Ignição teve sua morte lamentada por leitores do mundo todo, além dela ser anunciada em programas de TV em diversos países, o Superman dos Novos 52 morre sob ovação por parte de uma grande parcela de leitores, clamando que “já foi tarde“, ou que “agora o verdadeiro Superman está de volta“.
Então começamos o Rebirth. O Renascimento das lendas. E, para o Superman, começa com ar de luto. Com essa neblina de pesar e despedida, infinitamente apropriada. O Homem de Aço é um personagem que sofre com a alcunha de ser datado, sempre acusado de defender valores que não cabem mais no mundo moderno. Mas ele carrega a esperança a esperança no peito. E agora ele está morto.

Renascimento

Já há algum tempo, o Superman pré-Ponto de Ignição tem estado escondido na Terra. Ele, sua esposa, Lois, e seu filho, Jonathan. Escondidos, pois o próprio Superman jurou que não iria interferir nas coisas, afinal, essa era uma Terra que não era a dele. Acontece que ele é o Superman! Obviamente, quando o mundo precisou, ele estava lá para ajudar. E ele também esteve lá nos momentos finais do Superman Novos 52. Ele testemunhou quando este sucumbiu e irrompeu em uma explosão que transformou seu corpo em pó.
Temos um memorial, mas não sabemos como foi a comoção da morte do Superman para o mundo. Não há o grande funeral, com marcha dos heróis e mobilização mundial. Há apenas o memorial silencioso e incompleto. Considerando que havia a possibilidade de o universo heroico fingir que o Superman nunca morreu, simplesmente substituindo-o pelo personagem pré-Ponto de Ignição, acho que ter um memorial já é algo para se alegrar. O mundo sabe que um Superman morreu e o mundo está prestando honras a esse Superman.
E é aí que encontramos o Superman pré-Ponto de Ignição em Rebirth. Em meio ao memorial para o Superman falecido. Tudo aconteceu a pouco tempo e ele ainda está digerindo e processando as informações. Ele se pergunta como deve ter vivido o outro Superman e não deixa de se lamentar por ter tido tão pouco contato com ele. É quando ele escuta algo vindo do túmulo subterrâneo.
Ao investigar ele encontra com Lana Lang, que tenta arrombar a tumba do seu amigo para cumprir a promessa de enterrar suas cinzas junto ao túmulo da família Kent. Mas o Superman – já não faz mais sentido dizer “pré-Ponto de Ignição” ou “Novos 52”, visto que agora só há um – a interrompe. Aí é impossível negar a diferença que existe entre os dois Homens de Aço. Ele fala com Lana. Não apenas fala. Ele é altivo! Cada palavra soa cuidadosamente escolhida para ser algo que deveria ser anotado e colocado numa lista de palavras que você deve ouvir e seguir de agora em diante. Sua postura é segura, tranquilizadora e confiante. E ele é enfático: Se eu consegui voltar, ele também pode!
Impossível não se arrepiar ao vermos o próprio Homem de Aço anterior narrar sua batalha contra o Apocalypse. Ou sentir a tensão enquanto os momentos finais vão se aproximando e o desfecho inevitável vai se desenrolando. E, igualmente impossível, é conter o sorriso de triunfo ao testemunhar o retorno do personagem – com seus cabelos longos e traje negro.
O Superman conta à Lana que a Fortaleza da Solidão pode conter a tecnologia necessária para trazer de volta o Superman desse mundo, assim como fez com ele. Mas, ao ver que a Fortaleza dessa Terra não possuía os equipamentos que precisavam, o Superman não vê alternativa, e ajuda Lana a cumprir sua promessa de enterrar seu amigo junto de sua família.

O estranho visitante…

Regozijem-se! O “verdadeiro Superman” está de volta. Eu, como a maioria, me tornei fã do personagem através dele. Foi ele quem me inspirou e foi dele que eu tirei muitos dos meus valores. E ele está de volta! Mas… E agora?
Ele está deslocado. Um Superman que chama a Lana Lang, que deveria ser sua melhor amiga de infância, de “senhorita Lana”. Ela não é sua amiga. É uma estranha. Vai ser assim com Jimmy Olsen e Perry White? Vai ser assim com Bruce Wayne? Com Diana? Nenhum deles são os SEUS amigos. Como se conectar com esse novo mundo? Um mundo que, a julgar pela promessa que ele mesmo tinha feito de não interferir, ele reconhece como não sendo o seu. Ele vai olhar para o Bruce Wayne e reconhecer seu melhor amigo – o homem que ele já chamou de irmão em mais de uma ocasião – mas lá no fundo, vai ter algo que vai dizer: “esse não é ele”. E o contrário? Diana vai olhar e seus olhos e ver o homem com quem teve um relacionamento por tanto tempo, mas vai receber em troca apenas o olhar carinhoso de um amigo? Em que cenário isso não soaria desagradável para ambos? Sua prima não é mais sua prima. Smallville não é mais sua cidade natal…
Existem problemas e questionamentos profundamente intrínsecos ao trazer um personagem “velho” para uma cronologia nova. Normalmente isso costuma trazer, a longo prazo, mais problemas do que benefícios.
Normalmente.

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